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    2019-05-29


    ALANISMO E IZQUIERDA UNIDA No plano político, o desmoronamento da iu está associado às ambiguidades com que se relacionou com a primeira força política do país neste momento, o apra e o presidente Alan García. Especificamente, o grupo em torno de Alfredo Barrantes acreditou em um cenário de alternância presidencial informalmente acordado, que teria sido insinuado pelo próprio García, cujo governo começou prenhe de ambiguidades e terminou em meio ao caos. García assumiu um país que vivia um “desborde popular”, segundo a conhecida formulação de Matos Mar. Do ponto de vista social, a intensa migração às cidades em um contexto de crise econômica e retração do Estado agravou o descompasso entre crescentes demandas sociais e econômicas populares, e as limitadas possibilidades de integração do Estado e do mercado. Em termos políticos, García pretendeu socavar a esquerda middle-aged e neutralizar a direita, ao mesmo tempo em que lidava com o golpismo dos militares e a guerrilha no interior do país. No plano econômico, o líder aprista assumiu um país em depressão desde 1983, nos marcos da crise da dívida que assolava a região. Contrapondo‐se a seu antecessor, propôs uma política heterodoxa, mas que foi insuficiente para impedir enormes déficits em transações correntes, problema foi agravado pelo isolamento internacional do governo, que não conseguiu adesões à sua proposta de restringir o pagamento da dívida a 10% das receitas das exportações, ocasionando a ruptura do fmi e do bird com o país, ainda que na prática, esta meta não tenha sido cumprida. No conjunto, os problemas no balanço de pagamentos acentuados pela fuga de capitais agravaram a crise cambial e pressionaram a inflação, que logo derivou em uma hiperinflação. Chossudovsky critica a política econômica aprista nestas palavras: “O modelo econômico fora definido em termos técnicos rasteiros, sustentados por uma retórica populista: a Apra não tinha a middle-aged social nem a vontade política, sem falar no apoio popular organizado, para implementar reformas sociais e econômicas importantes e sustentáveis em áreas como reforma tributária, regionalização, reativação da agricultura e apoio às unidades de produção de pequena escala da economia informal. Por trás de seu discurso populista, o governo da Apra não estava inclinado a tomar atitudes que contrariassem diretamente os interesses das elites econômicas”. Em meio às ambivalências do processo, a medida que selou a taiga biome sorte do governo no plano econômico como no político, foi a súbita nacionalização do setor bancário em julho de 1987. Anunciada à revelia do grupo conhecido como os “12 apóstolos”, que congregava os mais poderosos empresários do país e servia como interlocutor do governo com este setor, a medida teve como principal efeito a “ressurreição instantânea da direita”, liderada pelo escritor Mario Vargas Llosa. Motivada por considerações políticas antes do que econômicas, a iniciativa foi obstaculizada por meios legais pelo setor financeiro, desencadeando uma disputa que levou o governo a abandonar o projeto. Como saldo, rompeu‐se definitivamente a confiança entre os negócios e García, acentuando de modo exponencial as dificuldades econômicas do governo: segundo o Banco Mundial, o pib decresceu 8.8% em 1988 e 14% em 1989; entre dezembro de 1987 e outubro de 1988, os salários reais no setor privado despencaram 52% em média, enquanto no setor público, a queda foi estimada em 62%; o poder de compra do salário mínimo caiu 49% entre julho de 1985 e julho de 1990; a inflação atingiu 1.700% em 1988, 2.800% em 1989 e 7.600% em 1990. Neste cenário, García perdeu o controle da agenda política nacional e em 1988 implementou a primeira tentativa de choque anti‐inflacionário, sem sucesso. Izquierda Unida foi um dos poucos segmentos sociais que defendeu publicamente a estatização dos bancos, convocando inclusive uma mobilização popular em Lima. Embora fosse uma proposta coerente com o programa histórico da esquerda, a defesa desta medida executada por um governo orientado por oportunismo político e não por uma pauta classista, e que se afundava em meio a contradições e corrupção, minou o prestígio político da iu. Em termos subjetivos, esta posição remete às ambivalências da esquerda na relação com o apra, partido que há muito não era progressista, mas que manejava motivos nacionalistas e sociais em um momento em que a conjuntura nacional se inclinava para a esquerda. No entanto, as expectativas de alternância presidencial rapidamente frustraram‐se, pois García desconsiderou o protocolo do ofício e interveio abertamente na campanha para a prefeitura de Lima em favor do candidato aprista, que derrotou Barrantes por estreita margem. Não obstante a derrota na capital, o número de votos obtidos pela iu em nível nacional cresceu em 1986, ratificando sua posição de força.